Petição contra a petição contra obras de re-conversão do Mercado do Bolhão

Toda a gente já foi à baixa do Porto. Então já esteve perto ou no Mercado do Bolhão. Isso é óptimo. Contudo, o que lá compraram? o que trouxeram de memória daquele momento? o que foi característico e típico? foi a persona vendedora? foi o cheiro peculiar? o que foi?
Para percebermos o mercado temos de ver quem o frequenta. Sejam turistas, idosos, jovens o pensamento que os une é o típico, e o que os separa é a utilização dele, e que para uma vida mais urbana este mercado não fornece as condições necessárias, e muito menos os produtos.
Ao vermos isso percebemos que a tipicidade do bolhão está estagnada. E que a sua verdadeira utilização é tão importante como um galo de barcelos, é típico.
Se houver a capacidade de pegar no típico estético e actualizar a função do mercado essa será a resposta pertinente ao projecto do bolhão.
Só com destruição se provoca a construção, o novo. Só destruindo este mercado, no foro das suas convicções é que poderemos criar algo verdadeiramente típico e genuíno.
Mas digam lá como manter o nível de típico, subir o cultural e promover a interacção e desenvolvimento de uma área da cidade cada vez mais esbatida? A minha solução passa pela integração de lojas de marcas com lojas populares com um bom lifting de imagem. Assim o fora e dentro diluir-se-ão.
Há também que elevar o nível cultural e de interesse do espaço, e articular vendedoras típicas, com expressões culturais e artísticas. Para isso terá de se pensar na utilidade da figura vendedora, e criar uma estratégia particular para a integração dessa profissão num contexto de "mercado organizado" aka "supermercado desarticulado".
Sem pensar em mais nada, e partindo do princípio que o projecto aprovado tem em consideração estas caracterísiticas humanas e humanizantes. Acho que deverá ir em frente, correndo o risco de alterar um comportamento e uma forma da vida daquela zona. Por muitos planos estratégias e convicção que haja, há sempre risco. E como se diz também no bolhão "quem não arrisca não petisca".
Pelo menos o Porto renova-se.
Ser portuga é estar tão agarrado a Nossa Senhora que não se vê como está mal feita.